Desde o seu lançamento, em 2020, o Pix se tornou um imediato sucesso e já é utilizado pela maioria dos brasileiros. Mas no meio corporativo, o sistema de pagamentos ainda não conseguiu superar o cartão corporativo e outros meios de pagamento.
Conforme dados do Banco Central (Bacen), o Pix já movimentou mais de R$ 1 trilhão em transações e é utilizado por 70% dos brasileiros. Só que mesmo com esse sucesso, o Pix ainda não substituiu totalmente o uso de outros sistemas.
Nesse sentido, a ferramenta ainda tem uma série de desafios pela frente, especialmente no que se refere às empresas. Entenda quais são esses desafios e como o Pix pode superá-los e consolidar-se como o meio de pagamento dominante no Brasil.
Dinheiro em espécie
Curiosamente, um grande desafio do Pix é justamente o seu oposto em termos de finanças: o dinheiro em espécie. Afinal, o Brasil ainda é um país no qual muitas pessoas não possuem acesso a contas bancárias.
Sem esse acesso, elas ficam totalmente excluídas do uso do Pix em seu dia a dia. Mesmo com o sucesso trilionário do sistema, o Banco Central ainda possui cerca de R$ 340 bilhões em cédulas em circulação.
O dinheiro vivo, por sinal, é um dos meios mais utilizados em pequenos negócios, sobretudo nas cidades com menos de 20 mil habitantes, ainda há muitos locais com cartazes do tipo “não aceitamos cartões nem Pix”.
Portanto, ainda falta muita aderência das empresas, bem como acesso das pessoas a contas bancárias, para aumentar a proliferação do Pix no mercado.
Boleto bancário
Desde que surgiu no mercado, o Pix passou por várias evoluções em seu sistema de pagamentos. Hoje em dia, o usuário pode realizar pagamentos por QR Code em praticamente qualquer instituição, como:
- Pagamento de contas residenciais de água e eletricidade;
- Pagamento de empréstimos;
- Pagamento de compras de supermercado;
- Entre outros.
Com isso, o Pix aos poucos vai substituindo o boleto bancário como meio de pagamento. Sua principal vantagem é a rapidez: pagamentos em boletos podem demorar até dois dias para compensar, enquanto o Pix é instantâneo.
No entanto, a maioria das empresas ainda resiste a incorporar o QR Code do Pix em seus sistemas.
Prova disso é a dimensão dos volumes: o Pix transacionou R$ 1 trilhão, mas outros R$ 14 trilhões ainda são movimentados por boletos. Ou seja, o Pix não chegou a penetrar nem 10% deste mercado.
As empresas ainda precisam se preparar para incorporar a estrutura do QR Code do Pix, que é mais complexa e recente. O Pix também não possui antecipação de recebíveis, algo que leva muitas empresas a preferirem utilizar o boleto, que conta com essa funcionalidade.
Golpes
Outro fator que leva resistência ao uso do Pix são os golpes que surgiram com o novo sistema. O famoso “golpe do Pix” não visa apenas pessoas físicas, mas também pode atingir empresas.
No caso do meio corporativo, os golpistas utilizam de artifícios diferentes para tentar chamar a atenção das empresas. Por exemplo, emissão de DAS falsas (no caso de quem é MEI), solicitações de retificação do CNPJ ou recadastramento de novas chaves, entre outros.
Ao cair nesse golpe, a empresa pode perder todo o seu dinheiro, ou simplesmente virar alvo de alguma chantagem. Por isso que ainda é necessário fazer um trabalho de conscientização e educação das empresas para o melhor uso do Pix.
Mais frágeis ao Pix
Enquanto a resistência ao Pix continua, alguns meios de pagamento são mais suscetíveis a ficarem obsoletos com o novo sistema. É o caso dos sistemas de cartões de crédito e débito, especialmente este último.
Já com o cartão de crédito, o Pix espera competir com esse sistema através da função de financiamento, que deve chegar ao sistema em 2023. De acordo com estimativas do Bacen, o Pix deve atingir entre 40% a 50% dos pagamentos de grandes empresas até 2025.
Para isso, o sistema ainda precisa superar as limitações de uso e até culturais e, finalmente, prosperar e continuar servindo de exemplo.